Por Amanda Vitória
Escrito em 1984, por Margaret atwood e publicado em 1985, O conto de aia foi um dos livros mais vendidos em diversos países. O livro conta que os Estados Unidos foram transformados em um Estado religioso e totalitário. Em meio ao caos que se instalava no mundo com direito a desmatamento, poluição, radiação, doenças sexualmente transmissíveis, entre outros, um grupo de jovens religiosos aplica um golpe e funda um estado totalitário.
Nesse estado as
mulheres, homossexuais e minorias seriam perseguidos e caçados por não seguir
as ideias empregadas. Por causa dos acontecimentos em relação ao meio ambiente
as mulheres começaram a ficar inférteis e a fertilidade se tornou raridade.
Assim, as mulheres foram oprimidas e perderam todos os seus direitos, sua
liberdade e identidade tornando-se um objeto, propriedade do estado. As
mulheres foram desumanizadas e divididas em classes. Elas são: as esposas, que
são as donas de casa, companheira do homem. As martas, as empregadas das
esposas e as aias que são as mulheres férteis, nelas são feitas uma lavagem
cerebral e assim rebaixadas apenas à procriação. No livro acompanhamos a
história de Offred uma aia que é levada para a casa de um enigmático comandante
do alto escalão do exército e sua esposa. Descobrimos no início do livro que
Offred tinha uma vida normal, um marido e uma filha. Depois dos acontecimentos
do estado, a filha foi encaminhada para um orfanato e Offred não sabe onde está
localizado o marido. Deste de então Offred se agarra a esperança de
encontrar-lhes o paradeiro.
O conto da aia é um livro realmente impactante. Não é para
qualquer um lê-lo, em vários momentos tive que parar de ler para refletir ou
dar um tempo do livro por ser uma leitura que, muitas vezes, te traz uma
sensação ruim. Um ponto forte da obra é a narrativa, que em muitos momentos era
interrompida por lembranças de offred, passados distantes ou até mesmo
possíveis futuros. Para mim esse foi um ponto difícil porque sempre que esses
flashbacks eram mostrados nenhum aviso era dado ou uma introdução era feita
para receber aquelas lembranças, mas claro isso só ressalta que a leitura tem
que ser com muita atenção, se não a sua linha de pensamento vai ficar muito
confusa.
E por isso, durante a minha leitura eu tive que, em vários
ocasiões, voltar algumas páginas ou parágrafos para entender o que realmente
estava lendo. Outro ponto que na minha experiência foi muito ruim foi o desenvolvimento
em relação à narrativa. A narrativa foi arrastada e cansativa para mim e isso
me deixou muito desanimada no começo, mas o enredo parecia tão bom que eu me
esforcei a ler e no fim valeu a pena.
Esse livro foi sem dúvida o mais chocante que eu já li, você
realmente se vê em desespero pela situação da personagem. O sentimento de
impotência é forte e eu não sinto que tenha saída para aquelas mulheres.
Durante vários momentos na narrativa você se sente angustiada e sem esperança.
Em um determinado momento do livro a escritora lhe passa um pouco de esperança
para aquela situação, uma luz no fim do túnel. No final, o que me deixou mais
sensível no livro foi como o direito da mulher é frágil e como isso reflete no
mundo atual e que temos que lutar por esses direitos todos os dias.
Enfim, várias coisas do livro são muito semelhantes ao nosso
passado e presente e se deixarmos será parte do nosso futuro. E esse é o ponto:
nós deixaremos? Porque o ser humano é imprevisível e situações parecidas já
aconteceram antes, então o que impede de acontecer futuramente?
Se você quer refletir e desconstruir o pensamento ingênuo de
que a humanidade é justa esse é o livro certo.
Um livro sensacional e impressionante que precisa de muita
atenção e foco mas que no final vale muito a pena.
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Amanda Vitória (BH/MG) tem 17 anos e é estudante. Faz parte do projeto Adotando leitores.